quinta-feira, 27 de março de 2014

BR-364 é interditada novamente e Acre deverá ficar isolado até a próxima sexta-feira

Até a noite da próxima sexta-feira (28), nem mesmo balsas poderão operar nos 510 quilômetros da BR-364, entre Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC). Esse tempo pode ser aumentado dependendo das chuvas, informou a Defesa Civil de Rondônia, que anunciou a interdição total da rodovia por 48 horas. “Nem carretas irão passar. Alcançamos o momento mais crítico da cheia histórica do Rio Madeira. O isolamento do Acre é 100% por via terrestre, mas esperamos que isso seja provisoriamente”, disse o coronel Lioberto Caetano, coordenador da Defesa Civil Estadual. A rio atingiu a cota 19,65 metros nesta quarta.
madeira sergio vale
A foto de Sérgio Vale mostra parte da BR-364 submersa pelas águas do rio Madeira
A Sala de Gerenciamento de Crise, criada para acompanhar a cheia histórica do Rio Madeira, entrou em novo alerta e decidiu fechar completamente o acesso de 4 quilômetros na chegada ao Distrito de Jacy-Paraná, a 90 quilômetros da capital, o primeiro dos seis pontos inundados da estrada. .

No local, a travessia de carros menores estava permitida apenas sobre guinchos. Caminhões com filtro de ar adaptados também se arriscavam até a noite de terça (25), mas a medida tomada na manhã desta quarta-feira (26) mudou a situação. Na região, a lâmina de água sobre o asfalto chegou, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a 1,60 metros. “Nunca vi desastre desta proporção nos últimos 30 anos em qualquer estado da federal”, disse o coronel Roney Cunha, da Defesa Civil do Acre.
O Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) se apressa para construir um porto na comunidade Palmeiral, em Jacy-Paraná, o ponto de partida das cargas que seguirão ao estado vizinho. A viagem, por balsa, pode demorar até 4 horas, segundo estima a PRF, num desvio de 16 quilômetros. “Impossível qualquer veículo, até mesmo tratores, transpor acessos onde há crateras de até um metro sob a água e o nível chegando a 2 metros”, informou o superintendente do Dnit, Fabiano Cunha.
O segundo atracadouro, onde as carretas serão desembarcadas, é construído simultaneamente, no Distrito de Velha Mutum, de onde os carregamentos seguirão em estrada seca até Guajará-Mirim, Nova Mamoré e ao Distrito de Abunã, fazendo uma segunda e demorada travessia até alcançar o lado acriano da BR-364.
Enquanto as obras são executadas, bombeiros do Acre e Rondônia receberão o reforço de militares da Força Nacional para selecionar as cargas prioritárias. Devem desembarcar em Porto Velho, na noite desta quarta-feira, 19 homens vindos do Amazonas e outros 22 do Maranhão. “Frutas, verduras, legumes, gás de cozinha, combustíveis e medicamentos são prioridade total. Infelizmente, teremos que barrar as outras cargas”, alertou o inspetor-chefe da PRF-RO, Alvarez de Souza Simões. Os caminhões terão parada obrigatória no posto fiscal, na saída da cidade, para análise do que é, de fato, essencial para evitar colapso no abastecimento às cidades de destino.
Um helicóptero enviado pelo governo federal e embarcações com capacidade de transbordar até 4,5 mil quilos serão deslocados para evitar o desabastecimento nas comunidades agrícolas à margem da rodovia. Oito empresas de guinchos, que cobravam de R$ 60 a R$ 150 para transportar veículos em apenas 4 quilômetros de rodovia alagada, foram obrigadas a encerrar suas atividades.
*Assem Neto é repórter do G1Rondônia

Nenhum comentário: