segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pernambucano, Araquém Alencar já prendeu governador e prefeito de capital

O forte sotaque nordestino do delegado Araquém Alencar Tavares não nega sua origem. Pernambucano de Recife, o jovem policial federal de 36 anos carrega um currículo capaz de deixar temeroso qualquer gestor que não largou a velha prática de confundir o público com o privado, e se apossar daquilo que não é seu.  
 
Na Polícia Federal desde 2002, Araquém tem como cartão de apresentação a prisão de um governador de Estado e um prefeito de capital. 
 
E é ele quem conduzirá a superintendência da Polícia Federal no Acre pelos próximos anos. Formado em direito pela PUC de Pernambuco, o delegado assumiu a PF num dos momentos mais tensos da instituição no Estado por conta dos ainda sensíveis efeitos da operação G7, realizada em 10 de maio de 2013. 
Sebastião e delegado da PF
 
Naquela sexta-feira, o Acre foi surpreendido com a “invasão” de mais de 100 agentes federais para a prisão de empresários e secretários do governo Sebastião Viana (PT) acusados de formação de cartel para fraudes em licitações de obras. 
 
Ao contrário de outros locais, onde os governos se veem obrigados a ao menos afastar os gestores presos acusados de corrupção, o Palácio Rio Branco atuou como advogado deles, e de quebra também dos empresários. Uma crise institucional foi iniciada, com Executivo acusando Judiciário de estar a serviço da oposição. 
 
Araquém Alencar sabe bem os impactos (políticos) de uma operação como a G7. Afinal, em dezembro de 2010 ele foi o chefe da operação “Mãos Limpas”, responsável pela prisão do então governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), e do prefeito de Macapá, Roberto Goés (PDT). 
 
A acusação: fraudes em licitações, a mesma dos 15 presos da G7 no Acre, três anos depois.  Em 2011 a PF no Amapá desbaratou uma organização que desviava recursos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para obras de saneamento em dois municípios, sendo deles Oiapoque, aquele mesmo tão citado como referência dos extremos brasileiros; era a Operação Citrus.
 
Em seu discurso de posse na superintendência do Acre, Araquém Tavares deixou claro que sua linha não será diferente da adotada durante a passagem pelo Amapá. 
 
“O crime organizado e a corrupção são, a meu ver,  os maiores e mais maléficos atores de violação dos direitos humanos no mundo ocidental. É nesse contexto que a gente, da Polícia Federal, tem que bater o pé e dizer: basta”, declarou ele diante do governador Sebastião Viana e do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

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